quinta-feira, 2 de abril de 2009

Futebol: Subdesenvolvidos até no futebol ???

Vivemos uma fase de transição no futebol mundial.
Durante mais de uma década observamos a consagração de times com fortes esquemas defensivos, jogando quase que somente nos contra-ataques. A seleção brasileira de 94 foi talvez um dos principais exemplos. Fracassos como o Dream Team do Real Madrid no começo da década começaram a acontecer aos montes. Os times se fecharam, transformaram a marcação em seu principal fundamento, diminuindo a média de gols dos campeonatos, diminuindo o espetáculo.
No Brasil exemplos dessa escola não faltam. O maior deles o São Paulo, que acumulou títulos com esquemas extremamente fechados. Taças angariadas na base das goleadas por 1 x 0. Grêmio, Internacional em alguns períodos, Milan e tantos outros times pelo mundo se serviram desse tipo de jogo. O cômodo 352 chegou a virar padrão no Brasil. Tão forte foi esse movimento que hoje vivemos uma escasses de laterais, onde os poucos que atuam com qualidade na posição estão supervalorizados no mercado. Quantas vezes não desanimei de jogos só de ver escalações com 3 zagueiros e 3 volantes.
Mas esse cenário começou a mudar em 2005. Acredito que o primeiro time a aplicar consistentemente a mudança foi o Chelsea dessa temporada (05/06). Um time totalmente diferente, jogava num 433 surpreendente. José Mourinho recriou os pontas e mostrou ao mundo um time veloz e exuberante em ofensividade. Lampard, Roben, Crespo, Joe Cole, Drogba, Gudjohnsen, etc. E o mais importante, deu certo !
Logo outros times começaram a absorver a mudança. Manchester, Liverpool, Internazionale Juventus, Barcelona, Bayern, Internacional, Palmeiras, entre muitos outros.
Com as seleções não foi diferente. Por muito tempo a Espanha foi motivo de chacota por não conseguir títulos. Não era da escola espanhola o futebol retrancado que víamos. Lá se aprende a fazer linha de impedimento quase no meio campo, comprime-se o adversário, o jogo é pra frente. E num mundo de seleções retrancadas, a Espanha não vingava. Pois isso mudou. O time rápido, de toque de bola envolvente hoje é referência, ganhou a EuroCopa e vem forte para a Copa do Mundo. Jogadores como David Villa, Fernando (El Niño) Torres e Xavi são estrelas almejadas por qualquer grande time.
Na contra mão, pasme, vem o Brasil ! O futebol moleque, bonito, jogado pra frente nós deixamos no esteriótipo. Nossa seleção é comandada por um ex volante de escola gaúcha, que escala de 3 a 4 volantes por partida !! Se um volante se destaca um pouco em seu time mediano, é convocado (vide Fernando na Copa América, Felipe Mello nas eliminatórias, Elano constantemente) . Se um atacante briga pela artilharia no calcio ou outro país, não é convocado ou soh fica no banco (vide Liédson, Amauri, Pato) . Ventou e choveu pra o excelente zagueiro Miranda ser convocado, e só entrou porque o "veloz" e "certeiro" Luisão se machucou !
Jogamos como o time de 94, só que não vai pra frente por um motivo, não temos mais um Romário ! Por mais retranqueiros que fossemos naquela época os gols saíam, agora não saem mais. É preciso reconhecer os talentos que temos e acompanhar a evolução do futebol ou logo deixaremos de ser referências.
A seleção não é um exército, onde só se escala aqueles que já provaram seu valor, ou onde só jogam os que tem força pra segurar o adversário. Também não é vitrine pra aumentar o passe de jogadores. Se chama seleção porque selecionam os melhores jogadores brasileiros na atualidade. E se chama Seleção Brasileira porque desde 1958 sempre deu espetáculo e encantou o mundo. Ganhar é importante, mas a que preço ? E o pior, a atual fórmula vem se consagrando com resultados como o de ontem contra o Peru, que diga-se de passagem não pode ser considerado um time de futebol.
Precisamos acompanhar as novas tendências, e usar o que mais sabemos fazer: Atacar, driblar e fazer gols! O momento será nosso, se simplesmente assumirmos nossa vocação, a do Futebol Arte !

Abraços!